Festa da Sagrada Família – Ano C

A primeira leitura do livro de Bem-Sirá dá-nos alguns conselhos muito importantes e que ainda hoje são actuais e que nos devem fazer reflectir. Diz-nos Bem–Sirá: “Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos.” Os filhos (neste caso os netos) aprendem mais com os olhos do que com os ouvidos. Eles vêem e não esquecem o comportamento dos seus pais para com os avós. Por isso, Caros Amigos e Irmãos, tratar bem os pais é a melhor lição e exemplo que se pode dar aos filhos: para que eles também tratem bem os avós e mais tarde os seus próprios pais. E continua o livro de Bem-Sirá: “ Filho ampara a velhice do tempo; e não o desgostos durante a sua vida” Isto quer dizer que deves dar-lhe todo o apoio que ele precise: Se ele quer estar só, dá-lhe condições para isso; se quer ir para tua casa, faz tudo para o receber, nada faças contra a sua vontade, que haja sempre dialogo e compreensão entre pais e filhos. Diz ainda o livro de Bem-Sirá: “ se a mente (memória e inteligência) de teu pai enfraquecer, sê indulgente para com ele – e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida.” E a leitura de Bem–Sirá termina dizendo: “ A tua caridade para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-à em descontos dos teus pecados.”
Por isso, nunca é demais o que faças pelos teus pais. Primeiro que tudo, porque te deram a vida e não quiseram matar-te ao nascer, abortando… Pelo contrário, com certeza, tudo fizeram por ti para que nada te faltasse: nem o carinho e o amor, sabe-se lá, quantas e quantas noites mal dormidas por tua causa… quantos sacrifícios e privações, por vezes, os pais passam, para que nada falta aos filhos. Por isso, tudo o que se faz aos pais, além de ser um acto de caridade é também um acto de justiça para com eles.
Caros Amigos e Irmãos
Estamos a celebrar a Festa da Sagrada Família que é o modelo de todas as famílias. A primeira leitura fala-nos dos pais e avós. A segunda leitura que é de S. Paulo aos Colossenses, fala-nos das esposas, dos maridos e dos filhos. O importante é que entre marido e mulher haja diálogo, cedência mútua, espírito de sacrifício e que Cristo esteja presente no meio dos dois para os ajudar a resolver os problemas que forem surgindo, respeitando-se mutuamente e que jamais haja submissão, violência ou maus tratos à mulher. Isso não é digno de pessoas e muito menos de cristãos. Quanto aos filhos, tem de haver muito amor, muito carinho, diálogo e perseverança, em que os pais devem falar a uma só voz, portanto em sintonia, dando aos seus filhos exemplo e testemunho: na vida familiar, religiosa e social.
Caros Amigos e Irmãos
Sigamos o exemplo da sagrada Família de Nazaré para que em todas as famílias haja: Amor, Paz e Alegria.

Natal do Senhor – Missa do Dia – Ano C

O Evangelho de S. João que acabámos de ouvir, relata – nos: “ No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.”
Verbo quer dizer palavra. Por isso, verbo de Deus quer dizer palavra de Deus. Em S. João a palavra de Deus é Seu Filho Jesus Cristo.
Nós exprimimo-nos por palavra que é o Seu Filho, Jesus Cristo que Ele mandou à Terra para salvação da humanidade. Mudando a palavra “ Verbo” por “Jesus Cristo” a frase ficaria assim. No princípio era Jesus Cristo e Jesus Cristo estava com Deus e Jesus Cristo era Deus. E mais adiante o Evangelho diz-nos: “O Verbo fez-se carne, isto é Jesus Cristo fez-se carne e habitou no meio de nós.” É este o Mistério da Encarnação que celebramos no Natal. Ouçamos o comentário de Santo Atanásio: “O Filho de Deus fez-se Homem, para que os filhos dos homens, os filhos de Adão, se fizessem filhos de Deus…Ele (Jesus) é o Filho de Deus por natureza, nós pela graça (divina). Deus (diminuiu) tornando-se homem; O homem promoveu-se tornando-se participante da divindade.”
Caros Amigos e Irmãos
O nosso Deus, não é um Deus longínquo, mas um Deus que vive no meio dos homens. Aqui mostrou a Sua tenda. Diz-nos o livro do Êxodo: “ a tenda do encontro que, na caminhada pelo deserto, os israelitas montavam no meio do acampamento e que era o local onde Deus residia no meio do seu Povo.” Também hoje Deus vive no meio de nós, presente na Sagrada Eucaristia. Temos consciência disso? Ou nem pensamos nesta realidade?
Diz-nos ainda o Evangelho de S. João: “O Verbo (Jesus) estava no mundo e o mundo que foi feito por Ele não O conheceu.” “Veio para o que era seu e os seus não o receberam” Para nascer, não havia lugar para Ele em nenhuma estalagem… Foi logo perseguido e teve de fugir para o Egipto. Apesar da sua pregação e dos milagres que realizava, continuaram a persegui-lo e mataram-no. Podemos perguntar: Porquê tudo isto? Jesus trouxe a luz, a vida ao homem. Mas no meio do mundo há as trevas, que são o pecado, as forças do mal e o demónio.
Por isso, enquanto houver o homem, haverá esta luta entre luz e trevas. Luz que é Deus, a sua graça e os seus projectos. As trevas são o pecado contar Deus e Contra o próximo. E nós? Onde nos situamos? Na luz, com as suas consequências e exigências, seguindo a Cristo? Ou nas trevas, seguindo o demónio?
Caros Amigos e Irmãos
O mundo em que vivemos, é este… E será tanto melhor ou pior, na medida em que cada um de nós for melhor ou pior. Nós e que fazemos o mundo… Não apontemos o dedo aos outros… mas olhemos para nós! Seja este o nosso propósito neste Natal que estamos a viver.
Boas Festas!

Missa da Meia - Noite – Ano C

O relato que S. Lucas nos apresenta no Evangelho, pode ser dividido em quatro partes:
1º Diz-nos que não havia lugar para Jesus, Maria e José na hospedaria. Procuraram por todo o lado e não encontraram lugar onde pernoitar; há aqui uma atitude de REJEIÇÃO a Cristo, logo desde o seu nascimento…até hoje.
2º Foi para uma gruta, onde Sua mãe: o deitou numa manjedoura e envolveu-O em passos. Vemos aqui o grande testemunho e lição de Jesus: a Sua pobreza – desprendimento, a Sua humildade – serviço aos outros, a sua simplicidade - para ele tudo estava bem.
Como Senhor do mundo que era não quis luxos - nem palácios ou berços de ouro ou honrarias – nem criados nem servos. Jesus sempre afirmou que veio para servir e não para servir e não ser servido. Procuremos servir o exemplo de Jesus.
3º Na terceira parte do Evangelho apareceu algumas manifestações divinas, para nos dizer que a criança que acabava de nascer não era uma criança qualquer… assim, aparece um anjo aos pastores anunciando-lhes a Boa Nova “nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo Senhor.”
Os pastores, eram tidos como um grupo de marginais, afastados e não aceites pela sociedade. São, todavia, os primeiros a receber o anúncio da vinda do Salvador.
O Senhor várias vezes disse que vinha, em primeiro lugar, para os pobres, para os abandonados.
Esta era a Sua primeira preocupação. É também a nossa preocupação atender aos mais necessitados?
4º A quarta parte do Evangelho, os anjos juntaram-se no lugar onde Jesus estava e cantaram: “Glória a deus aos homens por Ele amados.” Há um louvor a Deus de agradecimento, por nos ter enviado o Seu filho; é um desejo de paz entre os homens, que Deus ama. Para haver paz é preciso: amar a Deus estar de bem com o Pai, Amar o próximo, cada um de nós estar de bem consigo mesmo.
A segunda leitura, da carta de S. Paulo a Tito, apresenta-nos um plano de salvação, isto é, um plano de vida, para todos os homens: Diz S. Paulo que Deus nos ensina, a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos e consequentemente a viver com piedade, temperança e justiça. A piedade deve levar-nos à oração, ao diálogo com Deus, ao sentirmo-nos próximos de um Antigo que nos ama…que é Deus. A temperança, de que s. Paulo fala, opõe-se aos desejos mundanos que são: o dinheiro (a ganância de quer sempre mais), o poder (a ânsia do poder e do mando qualquer custo; o prazer (da comida, da bebida portanto da gula) o prazer do sexo. Dai vem as infidelidades matrimoniais, o aluguer de pessoas que se prostituem, etc, etc. S. Paulo, nesta leitura, diz-nos ainda que Jesus veio para nos alvar e para nos resgatar de todo o pecado. Cristo veio fazer um resgate de alguém que estava prisioneiro. O homem estava prisioneiro do pecado. Jesus libertou-nos. Pagou o nosso resgate no alto da cruz quando se ofereceu ao Pai por toda a humanidade.
Caros Amigos e Irmãos
Está nas nossas mãos usar bem a liberdade e das graças que Jesus nos alcançou. Termina a leitura de S. Paulo dizendo: “Jesus Cristo preparou um povo purificado e cumpridor de boas obras, isto é da caridade. Povo purificado. Portanto: que viva no amor de Deus e que viva realize e pratique a caridade.
É este apelo e proposta de S. Paulo que deixo a todos nós, para O pormos em prática, como vivência e propósito do Natal que estamos a viver. A luz do presépio de Belém apaga-nos as trevas do pecado. Deixem-nos inundar por esta Luz que é Cristo: que vem ao nosso encontro e não o percamos mais da nossa vida.

IV Domingo do Advento – Ano C

A primeira leitura do profeta Miqueias diz: “ A Ti, Belém, pequena entre as cidades de Judá, de Ti sairá aquele que há-de reinar sobre Israel.”
Portanto, Miqueias, no séc. VII A.C. faz uma referência a Jesus, descendente de David, que nascerá em Belém. Mas, a missão de Jesus, não será a instauração do trono político de David (um reino que se impôs pela força e pela riqueza) mas sim a instauração de um reino de paz e de amor no coração dos homens. Nós, os cristãos, seguidores de Jesus, somos a comunidade que aceitou o convite para integrar esse “reino” de paz e de amor que Jesus veio propor. Pergunto: É esse o “reino” que nos esforçamos por construir? Somos, verdadeiramente, comprometidos pela Paz? Preocupamo-nos em retirar de nós tudo, aquilo que destrói a vida da graça? Como reagimos diante das injustiças, do sofrimento e da miséria: Com indiferença e comodismo ou empenhados e comprometidos para construímos um mundo melhor?
Caros Amigos e Irmãos
A mensagem desta leitura faz-nos constatar, também a presença continua de deus na história humana. Apesar do egoísmo e do pecado dos homens: Deus continua a preocupar-se connosco; a querer indicar-nos que caminhos percorrer para encontrar a felicidade. Celebrar a Vinda de Cristo, Aquele que é “a Paz” é, procuramos, no mundo, vivermos em paz com Deus e connosco e espalharmos à nossa volta sentimentos de paz e de perdão. É assim que sucede connosco ou estamos longe disso?
Esta época do Advento deve levar-nos a purificar-nos, pelo acto de contrição ou pela confissão, para com alegria, recebemos o Deus - Menino…
Caros Amigos e Irmãos
O Evangelho fala-nos no papel de Maria, figura imprescindível para que se concretize a profecia de Miqueias: Será em Belém que nascerá o Menino - Deus. Relata-nos o Evangelho a visita de Maria a sua prima Isabel, mãe de João Batista.
Maria, apôs ter conhecimento de que vai acolher Jesus, no seu seio, parte ao encontro de Isabel e fica com ela, a ajudá-la e a servi-la, até ao nascimento de João.
Temos consciência de que acolher Jesus é estar atento às necessidades dos irmãos: deixar tudo, partir ao seu encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades?
Ao chegar junto de Maria diz-lhe Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do Teu Ventre.”
Neste cântico, Isabel apresenta Maria, apesar da sua fragilidade, como o instrumento de Deus para concretizar a Salvação/ libertação dos homens. Isabel proclamou Maria Bem-Aventurada porque ela acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor. “Bem- aventurada aquela que acreditou.”Esta é a primeira bem-aventurança que se encontra no Evangelho de S. Lucas e indica que a bem-aventurança não está reservadas apenas a Maria, mas estende-se a todos aqueles que confiam na palavra do Senhor. A fé autêntica - aquela de que Maria dá prova - não precisa de demonstrações.
Baseia - se no ouvir a Palavra e manifesta-se na adesão incondicional a essa Palavra.
Caros Amigos e irmãos
Há que ter muita coragem para acreditar que se realizarão as promessas feitas por Deus, nas Bem-aventuranças: aos construtores de Paz, aos não violentos, àqueles que dão a outra face, àqueles que não se vingam, àqueles que dão a vida por amor.
Maria mostra que vale a pena confiar sempre nas palavras do Senhor. “Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática”, diz-nos o Senhor.
Que a Mensagem, que cada um de nós leve, para a vivência do Natal seja: Escutar a Palavra de Deus pô-la em prática: Sem medo e com perseverança.