Bordão 7 Novembro

XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM
2 Mac 7, 1-2.9-14; Sl 16; 2 Tes 2, 16 __ 3, 5; Lc 20, 27-38

Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?» Disse-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos». (Lucas)

Tornados “filhos de Deus”

Na leitura do Evangelho da missa de hoje encontramos Jesus já em Jerusalém. A liturgia saltou alguns episódios da narração de Lucas, como a entrada messiânica em Jerusalém, o choro de Jesus à vista desta cidade, a purificação do templo e um conjunto de discussões e parábolas dirigidas fundamentalmente aos chefes religiosos que enxameavam a “cidade santa”. Como são episódios também narrados pelos outros evangelistas, a liturgia deste ano preferiu enriquecer-nos com os episódios exclusivos de Lucas e, como estamos a poucos Domingos de encerrar o ano litúrgico, as leituras de Lucas são agora escolhidas com todo o cuidado. Na prática, tirando o discurso apocalíptico (próximo Domingo) esta é a única leitura tirada de Lucas sobre o ministério de Jesus em Jerusalém que lemos nas missas do tempo comum.

Trata-se de mais uma das muitas discussões que Jesus teve nesta cidade com os chefes religiosos locais. Mas mesmo entre os chefes, havia partidos diferentes, sendo muito fortes dois: o dos saduceus e o dos fariseus. Os saduceus eram a classe rica (detentores dos grandes campos agrícolas da Galileia, trabalhados normalmente por rendeiros) e do alto sacerdócio, dominando todo o culto do templo; os fariseus, aos quais pertenciam os doutores da Lei, eram socialmente mais pobres, mas mais numerosos e dominavam o culto nas sinagogas, feito mais da leitura da Bíblia, da pregação e oração e não do sacrifício de animais, como no Templo.

Por isso, até aqui encontrámos muitas vezes Jesus conversando com os fariseus e com os doutores da Lei. Mas estando em Jerusalém, e tendo feito “distúrbio” no templo [que em Lucas é suave!; Lucas é um evangelista com grande consideração pelo Templo], era inevitável cruzar-se com os mais poderosos dos poderosos, social e religiosamente falando: os saduceus. É esse encontro que aqui é descrito. A base da discussão é teológica, versando um dos pontos mais frágeis da fé: a ressurreição dos mortos. Os saduceus não acreditam na ressurreição dos mortos (apesar de serem os grandes sacerdotes do culto do Templo!) e recorrem a uma velha lei do povo (a lei do levirato), consignada pela Bíblia, para entalar Jesus. Fazem-no, aliás, com alguma ironia, sobranceiros na sua posição social. Uma das características destes “homens do sagrado” era não se permitirem à-vontades com o povo!

Jesus responde do mesmo modo, com uma fundamentação bíblica. Afinal, a Bíblia quando é lida segundo os interesses de cada um, dá para justificar tudo!...

Mas Jesus não se limita a contra-argumentar com a Bíblia. Acrescenta doutrina da sua própria autoridade afirmando com clareza inequívoca a ressurreição dos mortos. Neste aspecto estaria do lado do partido dos fariseus, e, de facto, alguns doutores da Lei no final desta discussão rendem-se à sabedoria da resposta de Jesus.

Mas a resposta de Jesus também não se encaixa a título nenhum na doutrina da ressurreição dos fariseus, que acreditavam na ressurreição dos mortos, mas apenas ao modo de um voltar a reviver, como se uma pessoa que é deficiente nesta vida continuasse deficiente na outra! Jesus, bem ao contrário, anuncia uma realidade totalmente nova, num modo totalmente novo de viver, “como anjos”, e muito mais ainda, tornados “filhos de Deus”. Dito assim, preto no branco. Por Jesus Cristo.




Semana dos Seminários de 7 a 14 de Novembro


Decorre de 7 a 14 de Novembro, a Semana dos Seminários, que tem por objectivo principal chamar a atenção para um elemento vital da Igreja, o ministério presbiteral, e ao mesmo tempo para o Seminário, instituição que em cada diocese existe para preparar os seus futuros sacerdotes. É uma iniciativa eclesial que é preciso cuidar e desenvolver pastoralmente com dedicação. Assim procura aproximar o seminário diocesano de toda a diocese, de maneira a que se conheça melhor e se valorize a sua importância; sensibilizar a sociedade em geral e particularmente a comunidade cristã sobre a necessidade da vocação sacerdotal e do serviço que prestam os sacerdotes: motivar os sacerdotes e mais responsáveis da pastoral, educadores, catequistas, escolas e professores para que descubram jovens que possam ser chamados ao sacerdócio e os convidem a fazer experiência de contacto com o seminário; estimular em toda a comunidade cristã a oração pelas vocações sacerdotais, segundo o ensinamento de Cristo, e ensinar os adolescentes a orar como condição e clima para poderem escutar o chamamento; finalmente apoiar economicamente o Seminário, para que possua os meios suficientes para oferecer uma boa preparação e para que ninguém fique excluído da sua frequência por razões económicas.
Em Coimbra, encontram-se 20 alunos no Seminário Maior, dois no ano propedêutico e vinte no pré-seminário.
Numa carta dirigida aos padres, o reitor do Seminário de Coimbra, Cónego Aníbal Castelhano, convida todas as comunidades da nossa diocese a participarem numa vigília de oração no dia 11 de Novembro, na Sé Velha presidida pelo Bispo de Coimbra. Também é pedido a contribuição generosa dos fiéis no ofertório do dia 14 de Novembro. A equipa do Seminário também reconhece as dificuldades económicas da instituição que ao diminuir o número de alunos tem aumentado o encargo da diocese.

Miguel Cotrim



Missas da Semana


Dia 09 – 3ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 11 – 5ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 12 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 13 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel.


Missas de Domingo

Dia 14 de Novembro
09h00 – Capela da Cruz dos Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel


O Pároco
Padre António Sousa


Aviso:
O ofertório das missas do próximo domingo – 14, é para o Seminário.

Bordão 31 Outubro

Celebrar e Viver a Eucaristia

IV
Aclamação do Evangelho

Antes do Evangelho canta-se ou reza-se o Aleluia de pé.
É uma aclamação por meio da qual a assembleia dos fiéis acolhe e saúda o Senhor, que lhe vai falar no Evangelho, e professa a sua fé por meio do canto. Por isso, o Aleluia é cantado por todos de pé.
A homilia, como diz São Justino, é para: “Explicar, actualizar, exortar e incitar à imitação de coisas tão belas que as leituras nos apresentaram.”
Depois da homilia é bom guardar um breve espaço de silêncio.
Segue-se o Credo ou profissão de fé.
Tem a finalidade de fazer que todo o povo reunido exprima o seu assentimento à Palavra de Deus, escutada nas leituras da Sagrada Escritura e exposta na homília.
O Credo apresenta, em forma de profissão de fé, os mesmos mistérios que depois vão ser proclamados ao longo da Oração Eucarística, em forma de oração.
E assim o Credo é também um momento que ajuda a predispor imediatamente para a Eucaristia.
A sua recitação por toda a assembleia seja bem ritmada, como se fora uma só voz.
Segue-se a Oração Universal ou dos fiéis:
Universal porque está aberta a todas as intenções;
Dos fiéis porque é dos baptizados.
Como Jesus Cristo, mediador entre Deus e os homens, o povo de Deus reunido continua esta obra mediadora, apresentando diante de Deus o mundo e as suas necessidades.
Por isso, esta Oração é para que, com a participação do povo:
se façam preces pela Santa Igreja (Papa, Bispos, Sacerdotes e Povo de Deus),
pelos governantes,
pelos que sofrem de necessidades várias,
por todos os homens,
e pela salvação de todo o mundo


XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Sab 11, 22 __ 12, 2; Sl 144; 2 Tes 1, 11 __ 2, 2; Lc 19, 1-10

Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido». (Lucas)

“Sim, nós podemos”
Mateus, Marcos e Lucas colocam Jericó como a última cidade por onde Jesus passou no caminho para Jerusalém. Isso evocará a memória histórica, mas não deixa de traduzir também conteúdos teológicos. Jericó é um oásis no meio do deserto da Judeia, uma das cidades mais vezes destruída e reconstruída ao longo da história da humanidade, pelo seu valor estratégico nas rotas das migrações dos povos do Médio Oriente. A própria evocação desta cidade conduz-nos às contradições mais profundas da existência: ao deserto e ao oásis, à destruição e à reconstrução, à morte e à sobrevivência, aos “destinos” e às vontades férreas, à transitoriedade e à permanência... E, para os evangelistas, à cegueira e à visão, ao acomodamento e à mudança dos critérios de vida. Para Lucas, ainda, à fraude e à partilha fraterna.

De facto, os três evangelistas detêm-se em Jericó para contar um episódio que aconteceu com Jesus: uma cura de cegueira. Em Marcos, a cura do cego de Jericó é um episódio importantíssimo, e constitui mesmo uma chave teológica de leitura de grande parte do seu evangelho; em Mateus, são mesmo dois cegos em vez de um, evidenciando desde logo uma preocupação para fazer doutrina sobre a Igreja; Lucas, limita-se a dizer, de raspão, que Jesus curou um cego, mas introduz aqui este episódio do Zaqueu, que os outros evangelistas ignoram.
Parece pois que, para Lucas, a principal cegueira de que Jesus cura a humanidade é aquele encadeamento provocado pelo brilho das riquezas materiais, uma espécie de cegueira que priva as pessoas da convivialidade espontânea dos seus concidadãos e as apequena à hora de quererem ver o próprio Jesus.
Zaqueu, em rigor, é muito mais do que o Zaqueu de Jericó. É o homem rico, de todos os tempos, que acumula riquezas pelo meio mais normal de as acumular: defraudar alguém. Mas, participando das contradições da própria cidade em que vive, é também o homem generoso, capaz de se desprender dos seus bens, repondo a justiça social (dar metade dos bens), repondo a justiça distributiva (segundo a Lei, dar três vezes mais do que aquilo que tinha defraudado) e indo até à própria caridade (dar quatro vezes mais).
No meio destas contradições, o “machado que racha a direito” e faz triunfar a vida sobre a morte, a paz sobre a guerra, o acolhimento sobre o ressentimento, é o olhar misericordioso e amigo de Jesus de Nazaré. Olhar que provocou rumores de indignação...
Jesus ultrapassa-nos em bondade libertadora. Só ele, tão humano assim, poderia ter curado a cegueira mais terrível de um homem: aquela provocada pelas riquezas. Nas “subidas” e “descidas” da vida – como Lucas gosta destas duas palavras! –, Jesus permanece como a única referência absoluta, a rocha inabalável, ele que passa pela porta da contradição, Jericó, que fecha o ciclo da Galileia e abre o ciclo de Jerusalém.
Se o ciclo de Jerusalém será o da paixão, o ciclo da Galileia, convém lembrá-lo, foi o da pregação de uma novidade que irrompe na História: o Reino de Deus. Novidade que, para ser acolhida, implica a mudança de critérios de vida. “Deus dá-vos o Seu Reino. Convertei-vos! Mudai de vida!”, tal poderia ser a síntese de toda a pregação de Jesus na Galileia. Mas afinal, quem se converteu?! Quem mudou um único critério de vida?! A sua mensagem pedia um impossível?! A resposta vem por Zaqueu - o último de quem se poderia esperar tal conversão. Não foi em vão a pregação de Jesus de Nazaré. Dela nasceram frutos julgados impossíveis. “Sim, nós podemos” transformar o mundo, se agirmos no mundo como ele agiu na Galileia.



Missas da Semana

Dia 01 – 2ª Feira (Todos os Santos)
09h00 – Capela da Cruz dos Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel

Dia 02 – 3ª Feira (Comemoração dos Fiéis Defuntos)
08h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 03 – 4ª Feira
21h00 – Capela do Bordalo.

Dia 04 – 5ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 05 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 06 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel.

Missas de Domingo

Dia 07 de Novembro
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel


O Pároco
Padre António Sousa