Bordão 14 Fevereiro


VI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Jer 17, 5-8; Sl 1; 1 Cor 15, 12.16-20; Lc 6, 17.20-26

«Maldito quem confia no homem e põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor. (...) Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança». (Jeremias)

Feliz o homem que pôs a sua esperança no Senhor.
É como árvore plantada à beira das águas.
Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva. (Sl 1)

Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos, e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidónia. Erguendo então os olhos para os discípulos, disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vossoo reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos e chorar. Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem. Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas. (Lucas)

O caminho da Esperança
Já uma vez aqui comentámos a falta de lógica do verbo “descer” neste texto de Lucas. Em Lucas, Jesus nunca desce; sobe sempre, até à cruz! Ainda é mais ilógico que Lucas use aqui o termo “descer” para introduzir o sermão das bem-aventuranças, quando sabemos que Mateus faz exactamente o contrário: coloca-o no alto da montanha! Evidentemente, Lucas quando diz que “Jesus desceu do monte”, pretende dar-nos uma chave de compreensão de todo o texto que se segue. E podemos perceber pelo menos duas chaves:

- A chave “monte”. Lucas sabe que o monte, a montanha, é o lugar da Lei. E enquanto Mateus coloca este discurso no monte exactamente para reforçar a ideia de “uma nova Lei”, Lucas - companheiro de Paulo e vítima ele próprio das guerrilhas entre os primeiros cristãos por causa da Lei - ultrapassa a Lei, desvia-se conscientemente dela, e coloca o acento do seguimento de Cristo não na Lei, mas num estilo de vida como os profetas e os sapienciais (ver 1ª leitura e salmo de hoje) desde há muito reclamavam: justiça, pobreza, solidariedade, alegria que nasce da simplicidade e da esperança em Deus... Para Lucas, Jesus não dá lei nenhuma, mas aponta sim um caminho: os que o seguirem serão felizes; os que o rejeitarem serão malditos! Isto, sabendo que o critério da escolha deste caminho é exactamente ao contrário dos critérios de escolha próprios dos “valores deste mundo”.
- A chave “descer”. Ao usar a palavra “descer”, em vez, por exemplo, de “afastar-se”, Lucas evoca a única descida que ele admite para Jesus de Nazaré: a descida da cruz! Recompila, por isso, aquelas Bem-aventuranças e aquelas maldições que Jesus por diversas vezes enunciara, numa perspectiva pós-pascal, começando por avisar os seus leitores de que não está a fazer história, mas que está a repropor-lhes o mesmo desafio de santidade, o mesmo caminho - a eles, cristãos dos anos 80 - que o Jesus histórico tinha feito às multidões dos anos 30. 

Aliás, Lucas joga com três termos: apóstolos, discípulos e multidão. Mas Jesus fala para os discípulos, olhos nos olhos, e não para o grupo restrito dos apóstolos que já vinham com ele do monte, nem para a multidão, geograficamente tão alargada. Os destinatários desta mensagem estão bem identificados: os cristãos que ainda titubeiam entre a escolha da Lei ou a escolha do caminho do serviço, desprendimento e partilha proposto por Jesus. 

É esse afastamento da Lei em nome da Esperança, e da Esperança radicada apenas em Deus, que é causa do ódio, rejeição, insulto e proscrição de infâmia dos discípulos por causa do nome de Jesus!



Papa condena injustiças sociais e indiferença perante o sofrimento

Bento XVI condenou a “indiferença” que hoje “condena centenas de milhões de seres humanos à morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos”. Na mensagem papal para a Quaresma de 2010, publicada no passado dia 4 de Fevereiro pela Santa Sé, o Papa convidou os cristãos de todo o mundo a “contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem”. 
O texto uma reflexão sobre os conceitos de justiça e injustiça, assinalando que “aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei”. “Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais íntimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado à sua imagem e semelhança”, indica o Papa. 
Bento XVI admite que os bens materiais são úteis, lembrando que “o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam”, mas sublinha que “a justiça distributiva não restitui ao ser humano” tudo que lhe é devido. “Como e mais do que o pão, de facto, ele precisa de Deus”, assinala. 
Noutra passagem da mensagem, o Papa reflecte sobre a “origem do mal”, contestando quem a procura “individuar numa causa exterior”. “Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem de fora, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação”, alerta. Citando o Evangelho, Bento XVI diz que esta maneira de pensar “é ingénua e míope”. “A injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal”, prossegue. Neste contexto, observa o Papa, é necessário “sair da ilusão de auto-suficiência, do estado profundo de fecho, que é a própria origem da injustiça”. 
O ser humano, escreve, “precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo”. “Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto-suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência, indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade”, acrescenta. 
Bento XVI afirma que a “fé não é um facto natural, cómodo, óbvio”, pelo que “é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte”. 
Em conclusão, o Papa deixa votos de que os 40 dias de preparação para a Páscoa “seja para cada cristão tempo de autêntica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça”.

Miguel Cotrim


Missas da Semana

Dia 16 – 3ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 17 – 4ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, com imposição das cinzas.
21h00 – Capela das Lages, com imposição das cinzas.

Dia 18 – 5ª Feira 
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 19 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento. 

Dia 20 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel, com imposição das cinzas.


Missas de Domingo

Dia 21 de Fevereiro

09h00 – Capela da Cruz dos Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel


Avisos: 
- 4ª feira de Cinzas: Início da Quaresma. É dia de jejum e abstinência.
- Todas as 6as feiras de Quaresma:
- são dias de abstinência
- e haverá Via Sacra às 21 h, na Igreja da Rainha Santa Isabel. 
- O ofertório das missas do próximo domingo é para a Acção Caritativa da Paróquia.