Bordão 13 Fevereiro

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Sir 15, 16-21 (15-20); Sl 118 ; 1 Cor 2, 6-10; Mt 5, 17-37
«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar. Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra. Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus. Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Quem chamar imbecil a seu irmão será submetido ao Sinédrio, e quem lhe chamar louco será submetido à geena de fogo. Portanto, se fores apresentar a tua oferta sobre o altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta. Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto vais com ele a caminho, não seja caso que te entregue ao juiz, o juiz ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher com maus desejos já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti, pois é melhor perder-se um só dos teus olhos do que todo o corpo ser lançado na geena. E se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor que se perca um só dos teus membros, do que todo o corpo ser lançado na geena. Também foi dito: ‘Quem repudiar sua mulher dê-lhe certidão de repúdio’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que repudiar sua mulher, salvo em caso de união ilegítima, fá-la cometer adultério. E quem se casar com uma repudiada comete adultério. Ouvistes ainda que foi dito aos antigos: ‘Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás diante do Senhor o que juraste’. Eu, porém, digo-vos que não jureis em caso algum: nem pelo Céu, que é o trono de Deus; nem pela terra, que é o escabelo dos seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. Também não jures pela tua cabeça, porque não podes fazer branco ou preto um só cabelo. A vossa linguagem deve ser: ‘Sim, sim; não, não’. O que passa disto vem do Maligno».


Da letra e do espírito da Lei
Vale a pena insistir na afirmação de que estamos ainda a ler o primeiro sermão de Jesus, aquele que começa com as Bem-aventuranças, colocado na manhã de um certo dia, no alto duma Montanha, dirigido à Igreja, e que, em rigor, é um texto único onde Mateus compila muitos ensinamentos de Jesus (e provavelmente alguns já da própria Igreja) sobre a Nova Lei do Reino dos céus.
Até agora, Mateus tinha enunciado os grandes critérios (bem-aventuranças) dos que querem ser felizes no Reino dos Céus e colocado a vivência desses critérios como exigência da missão evangelizadora do mundo (ser sal e luz). Agora o evangelista dá mais dois passos: 1. situa qual é a novidade desta Nova Lei em relação à Antiga; 2. desce a exemplificações, com considerações e aplicações práticas da Nova Lei.
Para os hebreus (que são os cristãos para quem Mateus escreve), a coisa principal da religião era cumprir a Lei de Deus. Mas se os cristãos agora, por exemplo, já não circuncidam os filhos, não estarão eles a revogar a (Antiga) Lei de Deus?! A resposta do evangelista, captando o espírito do ensinamento de Jesus, é: não, não estão a revogá-la, mas a completá-la, porquanto a Antiga Lei se centrava muito (ou mesmo exclusivamente) sobre os comportamentos, e a Nova Lei se centra sobre o espírito que deve presidir a todos os comportamentos. Se cada comportamento obedecer ao espírito que lhe preside, pode até ser diferente da letra da Lei, que a continua a cumprir totalmente até ao mais pequeno jota ou ápice. De facto, também os doutores da Lei e os fariseus viviam preocupados em cumprir toda a Lei até esses pequenos jotas e ápices...; mas, diz Mateus aos cristãos para quem escreve, “se a vossa justiça [=santidade] não superar a dos doutores da lei e dos fariseus, não entrareis no reino do Céu”! “Superar” quer dizer: cumprir isso tudo, e mais; quer dizer, a perfeição!
Os exemplos dados (ódio e reconciliação, adultério e escândalo, divórcio, linguagem e juramentos...), todos enquadrados pela expressão: “ouvistes o que foi dito(...); eu, porém, digo-vos(...)”, referem-se a situações práticas na vida dos cristãos em que lhes é pedido que vivam as exigências das bem-aventuranças, essa radicalidade pela qual serão reconhecidos como sal e luz, e que supera a letra da Antiga Lei, pelo espírito da Nova Lei.




Celebrar e Viver a Eucaristia

X
A Eucaristia - Celebração do Mistério Pascal

Ao narrar a Instituição da Eucaristia a Oração Eucarística estabelece, logo desde o princípio, a ligação da Eucaristia com a Paixão do Senhor: “Na hora em que ele se entregava para voluntariamente sofrer a morte, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e comei. Isto é o meu corpo que será entregue por vós.” A celebração da Eucaristia é a celebração do Mistério Pascal, da passagem do Senhor deste mundo para o Pai, como explica S. João (Jo13,1)?
A igreja e cada um dos seus membros vivem na história;
nenhum de nós esteve no cenáculo, quando Jesus instituiu a Eucaristia, nem no Calvário para tomar parte na morte do Senhor;
mas a oblação (a oferta) que Jesus fez de si ao Pai nesse momento era em nome
e em favor de todos os homens de todos os tempos .

A história não se repete mas a Eucaristia é a celebração sacramental que evoca e torna presente a Páscoa do Senhor;
A celebração pode repetir-se sempre que quisermos, e deverá repetir-se segundo o mandamento do Senhor:”Fazei isto em memória de Mim”.
Para muitos “ir à missa” não passa muitas vezes de “estar na missa” sem chegar a tomar parte nela.

2.ª invocação (epiclese)
Faz-se a 2ª invocação (epiclese) ao Espírito santo para que, pelo seu poder, se realize em nós o mistério que está a ser celebrado, para que transforme os que vão comungar no Corpo eclesial de Cristo, isto é: numa comunidade fraterna.
A Igreja invoca novamente o Espírito, para que a obra realizada por Jesus Cristo continue nos que celebram o memorial e realizem também, como comunidade e unidade de crentes, aquilo que Jesus Cristo realizou.
É sempre, de facto, o Espírito Santo que actualiza a acção de Jesus Cristo nos Sacramentos.

Na Oração Eucarística uma invocação é antes da consagração a pedir precisamente a graça da consagração do pão e do vinho; a outra, depois da consagração, a pedir a graça da unidade:” Humildemente vos suplicamos que participando no Corpo e sangue de Cristo, sejamos reunidos pelo Espírito Santo, num só Corpo” (união entre os que comungam).

A unidade da sua Igreja foi já o objecto central da oração sacerdotal do Senhor na Ultima ceia:” Pai Santo, que eles sejam todos um, como tu, Pai, o és em Mim e Eu em ti, para que também eles sejam um em Nós e o mundo acredite que TU ME enviaste; sejam um como Nós somos um: Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que Tu Me enviaste e que os amaste como a mim” (Jo 17,21-23).
Esta graça da unidade em Cristo, pela virtude do Espírito Santo, é particularmente significada e realizada pela participação do mesmo pão eucarístico.

Lembremos as palavras do Senhor: “ Dou-vos a paz,” para logo pedirmos ao Senhor que dê á sua Igreja “ a união e a paz”.
As intercessões, mais do que uma oração pelo Papa ou pelo Bispo Diocesano, manifestam que esta assembleia celebra a Eucaristia em comunhão com toda a Igreja, representada por aqueles que são sinais e garantes dessa mesma comunhão.
Depois são recordados os que já partiram deste mundo:
• Primeiro os fiéis defuntos;
• Depois os que já se encontram na plenitude da Bem – aventurança eterna.


Missas da Semana

Dia 15 – 3ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 16 – 4ª Feira
21h00 – Capela das Lages.

Dia 17 – 5ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 18 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 19 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel.

Missas de Domingo

Dia 20 de Fevereiro
09h00 – Capela da Cruz de Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel


O Pároco
Padre António Sousa

Aviso:
O ofertório da missa do próximo domingo – 3º domingo do mês – é para a Acção Caritativa da Paróquia.

Bordão 6 Fevereiro

V Domingo do Tempo Comum
Is 58, 7-10; Salmo 111; 1 Cor 2, 1-5; Mt 5, 13-16

Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor. Então, se chamares, o Senhor responderá, se O invocares, dir-te-á: ‘Aqui estou’. Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia». (Isaías)

«Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus». (Mateus)

É ainda das Bem-aventuranças que Jesus fala
Vimos no Domingo passado que Mateus fez uma diferenciação entre “a multidão” e os “discípulos”. Jesus vê as multidões, mas o seu discurso da Lei é dirigido aos discípulos, à Igreja, a nós.
Na verdade, o Evangelho da Missa de hoje faz parte do mesmo discurso (Sermão da Montanha) do Domingo passado e é o texto que se segue imediatamente às bem-aventuranças, assim como que uma espécie de conclusão lógica das próprias bem-aventuranças; se o mundo está insosso e/ou às escuras, de quem será a culpa afinal? Diz Mateus: de nós, que não vivemos radicalmente as bem-aventuranças. Somos sal que não dá sabor, fermento (noutra parábola) que não leveda, luz que não ilumina. Ser sal, é viver as bem-aventuranças! Ser luz, é viver as bem-aventuranças!
Digamos a mesma coisa de outro modo: até agora, em lado nenhum deste sermão Mateus condena a multidão, o mundo… Anuncia um conjunto de caminhos de felicidade (as bem-aventuranças) sem condenar nenhum outro! O sermão da Nova Lei não é para condenar o mundo, mas para salvar o mundo: “para que os homens glorifiquem vosso Pai que está nos céus”, como termina o evangelho deste Domingo. É para esta finalidade – levar o mundo para Deus e não para condenar o mundo em nome de Deus – que Mateus compila aqui o conjunto de ensinamentos de Jesus sobre a Lei.
A Lei de Cristo é para os discípulos; não para os outros! Mas os seus efeitos reflectem-se tanto sobre os cristãos (discípulos), como sobre os outros: os cristãos, sendo felizes, sendo bem-aventurados; os outros, glorificando a Deus, espantados com o testemunho dos cristãos, com a luz que os cristãos irradiam, com a qualidade que os cristãos dão às coisas da vida. Uma coisa, então, parece clara: a primeira e mais radical forma de evangelização, de levar os homens a glorificarem Deus, é a vivência que cada um de nós (e todos, como Igreja) faz das bem-aventuranças.
Assim sendo, as boas obras a que se refere Jesus não são palavras, nem coisas; são atitudes e comportamentos. São uma predisposição de estar diante de Deus como filhos e diante dos homens como irmãos. E de agir filial e fraternalmente.
Porque neste Sermão da Montanha há, de facto, um confronto de critérios. Só que esse confronto de critérios não é entre os bem-aventurados e o mundo, mas entre o sal que perdeu a força e o sal cheio de força, entre a luz que não brilha e a luz que dá claridade a todos. É o modo de viver a fé em Deus, o modo de ser religioso, o modo de seguir a Lei de Deus que está em causa; é a esse nível que há um modo velho (que persegue e mata os profetas) e um modo novo, profético (feito de espírito de pobreza, humildade, fome e sede de justiça…) de viver a Lei de Deus.
Como mostra a Primeira Leitura, esse modo de ser sal e luz já fora anunciado pelos profetas antes de Jesus. Mas Jesus, olhando as multidões que o rodeiam, sente que esse sal lançado pelos profetas não está a dar sabor ao seu mundo, que essa luz se escondeu atrás de algum alqueire (armário) velho! E pede-nos que não deixemos que tal aconteça também connosco. De resto, devemos ligar ao sal também a ideia de conservar a qualidade dos alimentos; de não deixar os alimentos estragarem-se. Ser sal é não só dar bom sabor ao mundo, mas também preservar com toda a qualidade aquilo que nos foi transmitido de ensinamento e vida no passado pelos Profetas de todos os tempos.



Celebrar e Viver a Eucaristia


IX
Anamnese (memorial)

No Antigo Testamento, a celebração anual da Páscoa feita pelo povo de Deus era o memorial da Páscoa da libertação, realizada por Deus em favor do seu povo quando o tirou da terra do Egipto no tempo de Moisés. Já então foi prescrito a esse mesmo povo que celebrasse aquele acontecimento “de geração em geração”, “Desse dia fareis memória e haveis de o celebrar como uma festa para Jahvé; é uma lei perpétua.” Fazer memória é o mesmo que celebrar o memorial desse acontecimento salvífico.
Foi o que Jesus fez na hora de passar deste mundo para o Pai, isto é, de realizar a sua Páscoa.
Não deixa de ser bem significativo que fosse no mesmo momento e pelo mesmo acto em que o Senhor dava cumprimento àquele preceito do Êxodo:”Fareis memória “, celebrando a ceia pascal como todo o judeu fazia, que o Senhor tenha instituído a ceia pascal da Nova Aliança, para que ela fosse agora e para o futuro o memorial da sua Páscoa. (O rito antigo --- a ceia do Antigo Testamento — cede o lugar ao novo rito — a Eucaristia).
Por isso sempre que celebramos a Eucaristia celebramos o memorial da morte e ressurreição do Senhor, isto é, do seu mistério pascal.
Esta celebração é chamada memorial, não apenas como exercício da nossa memória, para que o acontecimento da nossa salvação não se perca na distância dos tempos, mas para que a sua celebração seja ocasião, em todo o tempo e lugar, de todos nela poderem participar.
A morte de Jesus na cruz aconteceu de uma vez por todas e não volta a repetir-se; é o sacrifício perfeito que substitui os antigos sacrifícios de Israel e de todas as religiões.
Não foi uma oferenda de animais ou de coisas. Foi a oferenda da sua própria pessoa.
Ele era o Filho de Deus e nosso irmão. Assim, Deus resolveu, com a sua própria dor e entrega, o desfasamento que o nosso pecado tinha criado. E restabeleceu-se a Aliança entre Deus e a Humanidade.
Na Eucaristia, celebramos o memorial do sacrifício que o próprio Senhor actualiza para nós, para nos tornar participantes da Sua entrega Pascal de há dois mil anos.


Missas da Semana

Dia 08 – 3ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 09 – 4ª Feira
21h00 – Capela de Cruz de Morouços.

Dia 10 – 5ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 11 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 12 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel.

Missas de Domingo

Dia 13 de Fevereiro
09h00 – Capela da Cruz de Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel


O Pároco
Padre António Sousa

Aviso:
O ofertório da missa do próximo domingo – 3º domingo do mês – é para a Acção Caritativa da Paróquia.

Bordão 30 Janeiro

IV Domingo do Tempo Comum
Sof 2, 3; 3, 12-13; Sl 145; 1 Cor 1, 26-31; Mt 5, 1-12a

Ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa». (Mateus)

A Lei da Verdade
Até agora, Mateus preocupou-se em dar-nos o “contexto” do seu evangelho: os contextos teológico (Jesus é o Emanuel, o Deus connosco, que cumpre e supera todo o Antigo Testamento), eclesiológico (os discípulos são a Igreja), histórico-geográfico (no tempo de Herodes Antipas, a partir da Galileia dos gentios) e missionário (a missão de Jesus foi anunciar e realizar o Reino dos Céus). Hoje, Mateus entra no “texto” mesmo, constituído por cinco grandes secções, cada uma delas constituída por duas partes: um discurso e milagres subsequentes. Analiticamente, as bem-aventuranças são, pois, o início do evangelho de Mateus, embora estejam só no capítulo 5. E começa com elas o 1º discurso, chamado o sermão da Montanha, que iremos ler ao longo de vários Domingos.
No Sermão da Montanha é apresentada a Nova Lei trazida por Jesus. O texto começa assim: Jesus vê as multidões, sobe ao monte, senta-se e ensina. Já sabemos que em Mateus Jesus é sempre Deus. A montanha é o lugar onde Deus revela a sua Lei; foi no alto do Monte Sinai que Moisés recebeu de Deus a Antiga Lei; é do alto da Montanha que o novo Povo de Deus recebe do Deus-Jesus a Nova Lei. O próprio acto de sentar-se, é um gesto de autoridade sobre os ouvintes. O Ensino de Jesus é um ensino com a autoridade de Deus; não são teses, sugestões, pareceres, discussões... É a Lei de Deus; a Nova Lei de Deus. Ponto final.
A Nova Lei de Deus, revelada por Jesus Cristo, não se apresenta como um imperativo, mais ou menos arbitrário, mais ou menos opressor, de Deus sobre as pessoas, mas como caminho de realização das pessoas.
- Desde logo, o centro desta Lei não é Deus mas o homem! Em nenhuma bem-aventurança se lê que Deus será feliz se vós fizerdes isto ou aquilo; ao contrário, o que é dito é: vós sereis felizes se...
- Depois, a Lei trazida por Jesus não julga as pessoas em função de qualquer acto concreto; simplesmente pede tudo!
- A Nova Lei de Deus não olha para o passado, mas para o futuro: sereis felizes, sereis chamados, possuireis... É uma caminhada sempre a fazer; não qualquer coisa que cumprimos, mas que queremos cumprir...
E quais são os campos existenciais verdadeiramente importantes para sermos felizes, para construirmos o futuro, mas cumprirmos a Lei de Deus: a pobreza em espírito, a humildade, a com-paixão, a fome e sede de justiça, a misericórdia, a pureza de coração, a promoção da paz, a santidade de vida, o testemunho objectivo de Jesus-Deus. A partir daqui, podemos discutir tudo, palavra a palavra, mas à hora das conclusões, é a verdade e apenas a verdade quem nos julga.
Vale a pena ainda reter este pormenor: Jesus vê as multidões, mas ensina os discípulos (a Igreja) e não as multidões. O seu discurso é um caminho dirigido às multidões, ao mundo, mas mediado pela Igreja. Que seja feliz quem chora, quem sofre, quem é perseguido, não é, com certeza, o modo do mundo de ver as coisas. Mas o mundo vive na exploração do homem pelo homem, na guerra, na injustiça, na perseguição cega à verdade e ao próprio Deus. Na ânsia de ser feliz por critérios de ter e de poder, o mundo cria a sua própria infelicidade. Ora, é a este mundo com critérios diferentes dos de Jesus Cristo que a Igreja é chamada a santificar! E o mundo responde-lhe com perseguição... A relação da Igreja com o mundo é uma relação difícil, tantas vezes uma relação de perseguição-amor. Mateus, quando recompila estas bem-aventuranças, olha certamente a sua comunidade cristã, perseguida e sofredora, perseguida apenas porque procura ser santa no mundo, perseguida apenas porque proclama que o galileu crucificado é Deus verdadeiro. E a resposta do evangelista para esta comunidade é apenas uma: a felicidade verdadeira e plena, ao contrário dos juízos do mundo, passa por esta Nova Lei.


Celebrar e Viver a Eucaristia

VIII
Oração Eucarística (continuação II)

Jesus, como judeu, recorreu ao ritual hebraico da Ceia Pascal. Mas Jesus não se limita a repetir um ritual: o seu comportamento é original e introduz novidade.
Jesus transforma essa última ceia com os discípulos num anúncio profético da sua morte na cruz e, consequentemente, da vida que flui dessa morte.
Com as suas palavras sobre o pão e o vinho, Jesus manifestou o dom de si, da sua vida, em favor dos seus. As palavras “isto é o meu corpo”, “este é o cálice do meu sangue” significam “isto sou Eu: é o meu corpo entregue e oferecido por vós; é a Aliança que concluo com o meu sangue “.
As expressões “corpo entregue” e “sangue derramado” remetem imediatamente para a cruz, para o calvário.
Partindo o pão e partilhando o vinho, Jesus mostra que a salvação vem por meio dessa mesma morte de cruz. A morte é um facto pessoal: ninguém pode partilhar a morte de outra pessoa.
O calvário é, pois, um facto exclusivo da vida de Jesus. A ceia é a ponte, a ligação entre a morte de Jesus e os próprios discípulos (e os futuros cristãos).
Na ceia, os discípulos vivem o calvário, participam da sua força salvífica.
Na Eucaristia, Cristo dá aquele mesmo Corpo que entregou por nós na cruz, aquele mesmo sangue que derramou por uma multidão em remissão dos pecados.
A Eucaristia é, pois, um sacrifício porque representa (torna presente) o sacrifício da Cruz, porque é dele o memorial e porque dele aplica os frutos.
Contudo, convém ter presente que não repetimos o único sacrifício de Cristo: repetimos a sua celebração, tornando presente a sua eficácia e salvação.
Dada a importância da presença de Cristo sobre o altar, toda a assembleia deve estar de joelhos durante a consagração, excepto se a falta de saúde ou outros motivos razoáveis a isso obstarem.
Termina esta parte com a exclamação do sacerdote “ Mistério da Fé” ao que a assembleia responde:

“Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!

A Eucaristia é o sacramento que acompanha a Igreja ao longo da sua peregrinação sobre a terra.


Missas da Semana

Dia 01 – 3ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 02 – 4ª Feira
21h00 – Capela do Bordalo.

Dia 03 – 5ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 04 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 05 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel.


Missas de Domingo

Dia 06 de Fevereiro
09h00 – Capela da Cruz de Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel


O Pároco
Padre António Sousa





Bordão 23 Janeiro

III Domingo do Tempo Comum
Is 8, 23b __ 9, 3 (9, 1-4); Sl 26; 1 Cor 1, 10-13.17; Mt 4, 12-23

Quando Jesus ouviu dizer que João Baptista fora preso, retirou-Se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, terra à beira-mar, no território de Zabulão e Neftali. Assim se cumpria o que o profeta Isaías anunciara, ao dizer: «Terra de Zabulão e terra de Neftali, estrada do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios: o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou». Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus». Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco, na companhia de seu pai Zebedeu, a consertar as redes. Jesus chamou-os e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O. Depois começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. (Mateus)

“Dicas” de Mateus para lermos... Mateus

O Evangelho apresenta-nos o início da vida “pública” de Jesus. Ficaram para trás, no plano de Mateus, os Evangelhos da Infância, o Baptismo e as Tentações, aquele tempo “privado” de Jesus, desde o seu nascimento até àquela maturidade humana e espiritual que o leva a tornar-se o “pregador” de uma realidade humana e social totalmente habitada por Deus: o Reino.
Mas para Mateus não há nenhuma ruptura entre o Jesus “privado” de Nazaré e o Jesus “público” que percorre toda a Galileia, proclamando o Evangelho e curando todas as doenças. Pelo contrário, Mateus “cola” estes dois tempos, cria uma unidade e continuidade entre eles, através do mesmo recurso teológico: o cumprimento das profecias. Tal como nos evangelhos da infância Mateus nos repete insistentemente que isto ou aquilo aconteceu porque naquele Menino se cumpriam as profecias, também agora, na acção concreta de Jesus adulto, se cumprem as Escrituras. Mas Mateus acrescenta um dado importante: agora quem conduz ao cumprimento das promessas já não é um anjo através de um sonho, mas são as decisões conscientes e amadurecidas de Jesus de Nazaré. É Ele o único e verdadeiro autor e actor do cumprimento de todas as profecias sobre o Messias.
Esta autoridade divina com que Mateus reveste Jesus de Nazaré desde o início da sua vida pública revela-se ainda no chamamento dos primeiros discípulos: o convite soa a “ordem” (“Vinde e segui-Me”) e a aceitação a obediência ontológica (deixaram [coisas, actividades e relações]... e seguiram-n’O). A única coisa que se intercala entre a autoridade do chamamento e a radicalidade da resposta imediata e obediente é a missão para que os discípulos são chamados: serem “pescadores de homens”. Mas também aqui é Jesus quem define a missão e quem os capacita para a mesma. Ele, e só Ele, é o Senhor do Reino que anuncia; Ele, e só Ele, fala e age com a autoridade do próprio Deus. Em S. Mateus, Jesus é sempre Deus!
Por outro lado, apesar de ser Deus, as decisões que toma não são desencarnadas da História mas respondem à leitura que Ele faz da História: é um acontecimento histórico concreto (a prisão de João Baptista) que leva Jesus a ir residir para Cafarnaum. Nesta decisão há certamente causas imediatas (de segurança física pessoal, de mudança de estratégia...), mas que Mateus mais uma vez “diviniza”, introduzindo a primeiríssima decisão da vida pública de Jesus já no contexto “da perseguição” e da morte.
Inversamente, os discípulos são sempre a Igreja, a comunidade testemunha da divindade de Jesus: uma comunidade que deve ser pronta na resposta, obediente, confiante, desprendida e com uma missão muito clara: “ser pescadora de homens”. Os discípulos são sempre a Igreja, a comunidade de irmãos: nenhum destes chamamentos é individual e em ambos os casos os discípulos são chamados já “como irmãos”!
Digamos que Mateus até agora nos deu quatro “dicas” para interpretarmos o seu evangelho: tudo o que Jesus faz é cumprimento das Escrituras; a oposição a Jesus está sempre presente; o “seu” Jesus de Nazaré é sempre Deus; os discípulos são sempre a Igreja. A estas quatro “dicas”, soma uma quinta, mais estrutural: Jesus “proclama” e “cura”, como duas faces de uma mesma moeda. É baseado nesta dupla face (pregação/cura) que Mateus vai estruturar o seu evangelho em cinco grandes secções, havendo em cada uma delas uma primeira parte com um grande sermão e uma segunda parte com milagres correspondentes ao sermão acabado de proferir. Em Mateus, Jesus sempre “diz” e “faz o que diz”.



Celebrar e Viver a Eucaristia

VII
Oração Eucarística (continuação I)

A oração eucarística inicia-se com o prefácio e termina com a Doxologia, começando com o diálogo entre o presidente e a assembleia:
a) O Senhor esteja convosco
É a saudação habitual do presidente à assembleia;
b) Corações ao alto
O nosso coração está em Deus.
É uma exortação à assembleia para que todo o pensamento mundano desapareça e o espírito fique só fixo no Senhor.
c) Demos graças ao Senhor nosso Deus
É nosso dever, é nossa salvação.
Dar graças, proclamar em ambiente de louvor e acção de graças o Mistério Pascal do Senhor que morreu e ressuscitou, nos salvou dando a vida ao Pai por nós e assim nos faz passar deste mundo para o Pai.
A tão grande graça que o Pai nos concede só poderemos responder dando graças, bendizendo, porque esse é o nosso dever para com o Pai e salvação para nós.
A oração de eucaristia, de louvor e acção de graças é-nos apresentada, de modo particular, no prefácio que termina com o Sanctus que é uma aclamação de toda a assembleia.
Segue-se a invocação do Espírito Santo para que o pão e o vinho colocados sobre o altar se convertam no Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesta altura o sacerdote impõe as mãos e faz o sinal da cruz sobre os dons e diz:” Santificai estes dons derramando sobre eles o Espírito Santo de modo que se convertam para nós no Corpo e Sangue de N.S. Jesus Cristo.” De facto, é a graça do Espírito Santo que realiza a acção dos sacramentos, de que o ministro é instrumento, no prolongamento da humanidade do Senhor Jesus. Este momento é dos mais solenes da celebração.
A seguir o sacerdote pronuncia as palavras da consagração do pão e do vinho, repetindo o que o Senhor, há dois mil anos, disse na última ceia:
Tomai todos e comei:
“isto é o meu Corpo que será entregue por vós”
Cristo transfigura em si o pão e o vinho do altar para se nos tornar presente, para se nos oferecer, para que, comendo-o, nos unamos e nos vamos tornando semelhantes a Ele, já que vamos recebendo a sua própria vida em nós e, com ela, a garantia da vida eterna: “ O que me come tem a vida eterna: Eu o ressuscitarei no último dia, diz o Senhor”.
“Quem comer a minha carne, e beber o meu sangue permanecerá em mim e Eu nele”
“ Quem me come viverá de mim como Eu vivo do Pai”
Não temos melhor oferta nem outra há senão a que o próprio Senhor ofereceu, ou seja, Ele próprio, porque só Ele é a vítima digna do Pai.
Nesta oblação o Senhor une-nos a si, porque somos membros do seu Corpo, somos um com Ele, que é a cabeça do Corpo da Igreja de que cada um é membro.
Como significaremos nós esta nossa união com Ele? Participando na própria celebração da Eucaristia, como essa participação o supõe, animados nos sentimentos de fé, esperança e caridade, porque melhor não temos que nos integre em Cristo e por Ele e com Ele e n'Ele nos leve até ao Pai.



Missas da Semana

Dia 25 – 3ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 27 – 5ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 28 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 29 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel.

Missas de Domingo

Dia 30 de Janeiro
09h00 – Capela da Cruz de Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel


O Pároco
Padre António Sousa



Aviso:
O ofertório da Missa do próximo domingo é para o Clero Idoso e Doente.



Bordão 16 Janeiro

II Domingo do Tempo Comum
Is 49, 3.5-6; Salmo 39; 1 Cor l, 1-3; Jo 1, 29-34

[No dia seguinte] João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim baptizar na água». João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a baptizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que baptiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».

Visto, tocado...

Como já aqui referimos algumas vezes, a reflexão da Igreja sobre o mistério de Jesus foi progressiva; e oS textos bíblicos manifestam essa progressividade. Ora este texto do evangelho de João deve ser situado no final de toda a reflexão bíblica sobre Jesus, lá entre os anos 90 e 100. E o final de toda essa reflexão chega a esta conclusão: “Ele é o Filho de Deus”. João abre e fecha o seu evangelho com essa afirmação basilar: “Ele é o Filho de Deus”, não num sentido metafórico, simbólico ou parcial, mas o Filho de Deus desde toda a eternidade, Deus de Deus! Mas ao mesmo tempo que a Igreja chega a esta conclusão última sobre Jesus de Nazaré, e que João a plasma no seu Evangelho, a Igreja vê-se obrigada a afirmar também que, apesar de ser totalmente Deus, Jesus de Nazaré é de igual modo total e verdadeiramente homem, nascido do seio de Maria: “depois de mim, vem um homem”!
Para um grupo largo de pessoas, para a maioria!, por alturas do ano 100 isto era simplesmente absurdo; e mesmo muitos cristãos não conseguiam aceitar isto, e entendiam ou que Jesus não tinha sido verdadeiro Deus (mas apenas uma pessoa a quem Deus dera poderes especiais), ou que não tinha sido verdadeiro homem, mas Deus disfarçado com “roupagem” humana.
Como se estas duas dificuldades não chegassem, estava ainda bastante divulgada uma corrente de pensamento (conhecida globalmente como gnosticismo), a que muitos cristãos aderiam, segundo a qual para chegar ao conhecimento da verdade sobre Deus bastava “a sabedoria do coração”, um certo conhecimento intuitivo e transcendental (acima da matéria, da razão ou da experiência...) de Deus. Uma certa “iluminação” pelo mergulho da pessoa na ascese espiritual. A pessoa considerava que conhecia Deus, porque na sua experiência espiritual o conhecia. Para muitos cristãos que assim pensavam, Jesus de Nazaré fizera ele próprio uma experiência deste tipo e aquilo que ensinara fora apenas essa experiência. Mas, agora, Jesus não era necessário para a fé, para o conhecimento de Deus, porque esse conhecimento mais profundo como que era prévio à reflexão sobre Deus, e muito acima da existência terrena de Jesus.
Chegamos assim ao ponto onde deve ser situado o texto do Evangelho na liturgia deste Domingo: a clara afirmação da total divindade e da total humanidade de Jesus, por um lado, e a recusa de todo o tipo de gnosticismo, pelo outro.
João Baptista diz duas vezes que “antes não O conhecia”. E o verbo ver, neste pequeníssimo texto, é usado quatro vezes! O que o evangelista João nos diz é que sabemos que Ele é Deus, não por um conhecimento intuitivo, místico, desencarnado..., mas porque vimos! E porque vimos não uma pessoa qualquer, mas aquela pessoa concreta totalmente habitada pelo Espírito de Deus: Jesus de Nazaré. A fé cristã é sempre o encontro, à vista!, com este homem de Nazaré. Por uma razão muito simples: porque aquele homem de Nazaré é totalmente Deus, desde sempre. A própria expressão colocada na boca do Baptista - “[Ele] era antes de mim” - evoca o nome de Javé: “Eu sou O que é”. E João baptista, biblicamente, como sabemos, representa todo o Antigo Testamento!
Aliás, a prova de que o evangelista está a tentar mostrar que a fé cristã nasce do encontro pessoal e testemunhal (“eu vi e testemunho”) com Jesus de Nazaré encontra-se na própria estrutura do Evangelho: João está a narrar, numa semana completa, todo o modo como Deus dispôs a sua estratégia de salvação do homem, desde o Antigo Testamento (1º dia) até ao Banquete no Reino (Bodas de Caná, no sétimo dia). O evangelho de hoje é o segundo dia: o dia em que só há uma figura: Jesus que vem ao encontro da humanidade, e é reconhecido por ela como Deus, porque ela o viu, numa história concreta, com atitudes e comportamentos concretos, totalmente humanos.



Celebrar e Viver a Eucaristia

VI Preparação do Altar

Inicia-se, entretanto, a preparação do altar ou mesa do Senhor que é o centro de toda a liturgia eucarística e à volta da qual se reúnem os filhos da Igreja para darem graças a Deus e comungarem o Corpo e o Sangue de Cristo.
Para o altar serão levados o corporal, o sanguinho, a pala, o missal e o cálice.
Segue-se a apresentação do pão e do vinho, feita pelo sacerdote e a mistura da água no cálice com o vinho que significa a nossa participação na divindade de Cristo que se fez Homem tomando em si a nossa humanidade.
A ablução (ou o lavar) das mãos é um símbolo de que devemos purificar-nos de todos os nossos pecados e de todas as faltas.
Termina esta parte com uma oração sobre as oferendas que vão ser consagradas no Corpo e Sangue do Senhor.
Todos os ritos se concluem com uma oração presidencial:
os ritos de entrada com a oração colecta;
os da preparação das oferendas com a oração sobre as oblatas;
os do fim da eucaristia com a oração pós comunhão.


Oração Eucarística

Depois dos ritos da Preparação das Oferendas, inicia-se a parte central e culminante de toda a celebração, a oração Eucarística que tem quatro partes fundamentais:
1.ª A acção de graças a Deus Pai por ter realizado e continuar a realizar a sua e nossa História de Salvação;
2.ª A memória de Jesus Cristo e a oferta da sua entrega Pascal: sacrifício definitivo que, de cada vez, que se repete, tornamos nosso e oferecemos ao Pai;
3.ª A dupla invocação do Espírito Santo (epiclese):
a 1.ª para que convertam os dons do pão e vinho no Corpo e Sangue de Cristo,
e a 2.ª para que transforme os que vão comungar – a comunidade – no Corpo eclesial de Cristo (Cristo e os irmãos).
4.ª E, finalmente, a oração de comunhão com a Igreja:
dispersa por todo o mundo,
a dos defuntos,
e a dos bem aventurados.

Missas da Semana

Dia 18 – 3ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 19 – 4ª Feira
21h00 – Capela das Lages.

Dia 20 – 5ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 21 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 22 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel.

Missas de Domingo

Dia 23 de Janeiro
09h00 – Capela da Cruz de Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel


O Pároco
Padre António Sousa


Bordão 9 Janeiro

Festa do Baptismo de Jesus
Is 42, 1-4.6-7; Sl 28; Act 10, 34-38; Mt 3, 13-17

Diz o Senhor: «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas». (Isaías)

Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável” (Actos dos Apóstolos)

Jesus chegou da Galileia e veio ter com João Baptista ao Jordão, para ser baptizado por ele. Mas João opunha-se, dizendo: «Eu é que preciso de ser baptizado por Ti e Tu vens ter comigo?» Jesus respondeu-lhe: «Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça». João deixou então que Ele Se aproximasse. Logo que Jesus foi baptizado, saiu da água. Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele. E uma voz vinda do céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência». (Mateus)

Não apagará a torcida que ainda fumega

A profecia que lemos na Primeira Leitura é um dos famosos cânticos do “Servo de Javé” do Segundo Isaías, cânticos que sempre foram interpretados pela Igreja como tendo-se cumprido em Jesus de Nazaré. É nesse sentido que a liturgia de hoje evoca esta profecia: como antecipatória da missão que Jesus de Nazaré receberá pelo Seu baptismo, no Jordão, quando sobre Ele desceu o “Espírito de Deus”.
Mas estes cânticos do “servo de Javé” têm também um valor em si mesmos, como doutrina para nós; basta que cada um de nós se assuma, tal como Maria, como um(a) “servo(a) do Senhor”. Então, se eu me assumo como um(a) servo(a) do Senhor, este cântico fala também de mim, e formula, ainda que de forma poética, um conjunto de atitudes e comportamentos próprios de quem se sente “servo” de Deus. Do mesmo modo, também a Igreja universal e local é serva do Senhor; e, naturalmente, também a nossa comunidade paroquial, grupo eclesial, movimento, ordem religiosa, estrutura pastoral...
Relendo (tal como fez a Igreja primitiva) o baptismo de Jesus e o nosso próprio baptismo, à luz deste cântico de Isaías, poderíamos dizer que o Baptismo nos dá uma identidade e uma missão: a identidade é ser servo do Senhor; a missão é levar a justiça às nações. Justiça, biblicamente, refere-se ao cumprimento da vontade de Deus, ou mais simplesmente à santidade. Portanto, a missão é santificar o mundo, levar o mundo a fazer a vontade de Deus (o que inclui também, está claro, a justiça tal como hoje a entendemos).
Mas atenção: a identidade (ser servo) implica que a missão (santificar as nações) seja realizada de determinada maneira, e não de outra maneira qualquer. A partir desta profecia podemos perceber cinco características fundamentais para um “servo” de Deus santificar o mundo: 1ª característica, deixar-se encher do Espírito de Deus; 2ª característica, estar possuído da humildade; 3ª característica, não ser um destruidor porque a realidade não é a desejada, mas um construtor do desejado a partir da realidade; 4ª característica, pôr a justiça em primeiro lugar; 5ª característica, a persistência neste projecto de santificação do mundo.
No fundo, é este o sentido da teofania (manifestação de Deus) no Baptismo de Jesus, sendo que Mateus aproveita este episódio para, mais uma vez, afirmar solenemente a divindade de Jesus de Nazaré.
A Segunda Leitura marca, no Livro dos Actos dos Apóstolos, a passagem “oficial” (porque de Pedro) da Igreja nascente do ciclo “dos judeus” para a esfera “universal” (“em qualquer nação”). É um salto gigantesco, que Pedro fundamenta na própria missão que Jesus recebeu pelo Seu Baptismo. Hoje acreditamos que a missão de Jesus é desde toda a eternidade e não só desde o seu Baptismo, mas na altura em que Pedro profere este discurso, reconhecer a missão divina de Jesus já a partir do momento do Seu baptismo representou um notabilíssimo avanço na compreensão do mistério de Deus.



Oferta paroquial


No início de mais um ano começo por agradecer a generosidade de todos aqueles que, em 2010, quiseram dar a sua oferta para a paróquia de Santa Clara, cujo resultado, por zonas, é o seguinte:


ZONAS VALORES EM €
Santa Isabel 3333,60
Lages 1810,00
Cruz dos Morouços 1235,40
S. Francisco 1738,00
Bordalo 2345,00
Vale Gemil 1065,00
Barreiros 1702,00

Em 2011, voltamos a apelar a todos os cristãos de boa vontade, para que ajudem os serviços da nossa comunidade paroquial que vão desde a conservação e restauro das capelas, aos cursos e formação de jovens, adultos e catequistas, ao apoio aos sacerdotes que aqui trabalham, até aos gastos com o culto, a secretaria, as comunicações e o auxílio aos necessitados.
A oferta de todos é imprescindível para que possamos continuar e, se possível, desenvolver ainda mais a nossa acção pastoral, junto dos grupos e das pessoas.
De todos os donativos passaremos recibo que servem para dedução no IRS.
Aos membros do Conselho Económico e Social e seus colaboradores, que novamente tomam sob a sua responsabilidade a recolha destas ofertas, testemunhamos a nossa gratidão pela sua disponibilidade e pelo seu esforço.
A todos os que, generosamente, já contribuíram e venham a contribuir com a sua oferta, Deus os compensará na larga medida do Evangelho que é cem por um.
Como pároco, agradeço, reconhecidamente, a colaboração de todos os paroquianos e faço votos por que o ano de 2011 traga a todas as famílias da nossa paróquia as maiores bênçãos de Deus.
Unidos na Paz e no Amor

O Pároco
Padre António Sousa




Missas da Semana

Dia 11 – 3ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 12 – 4ª Feira
21h00 – Capela do Cruz de Morouços.

Dia 13 – 5ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 14 – 6ª Feira
18h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel, seguida de atendimento.

Dia 15 – Sábado
16h30 – Missa vespertina, na Igreja da Rainha Santa Isabel.

Missas de Domingo

Dia 16 de Janeiro
09h00 – Capela da Cruz de Morouços
09h30 – Capela das Lages
10h00 – Capela do Bordalo
11h00 – Igreja da Rainha Santa Isabel



O Pároco
Padre António Sousa

Aviso:
O ofertório da Missa do próximo domingo – 3º domingo do mês – é para a Acção Caritativa da paróquia.