II Domingo do Advento – Ano C

S. Lucas anuncia-nos, no Evangelho de hoje, a Boa Nova de Jesus. Antes de começar a descrever a acção libertadora e salvadora de Jesus, no meio dos homens, Lucas vai apresentar João Baptista, o profeta que veio preparar a chegada do Messias de Deus.
Lucas, que “tudo investigou cuidadosamente desde a origem” começa por situar o quadro de João Batista num determinado enquadramento histórico. Nomeia sete personagens (desde o imperador Tibério, César, até ao sumo sacerdote Caifás, procurando situar no tempo os acontecimentos da salvação (estaremos pelos anos 27 a 28 da nossa era). Lucas sugere, assim, que esta aventura do Deus que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar um projecto de salvação e de felicidade não é uma lenda, perdida no tempo e na memória dos homens. Mas é uma história concreta, com acontecimentos concretos, que podem ser ligados a um determinado momento histórico e a uma terra concreta. Assim, Lucas apresenta a figura de João Baptista. Ele é “uma voz que grita no deserto” e que convida a preparar os caminhos do coração para que Jesus, o Messias (o enviado) de Deus, possa ir ao encontro de cada homem. Preparar o caminho do Senhor é convidar a uma conversão urgente: que elimine o egoísmo, que destrua o nosso mau humor que leva a tratar mal aquém nunca nos faz mal; que derrote as cadeias que mantêm os homens prisioneiros do pecado.
Preparar o caminho do Senhor é um reorientar a vida para Deus, de forma que Deus e aquilo que Ele nos pede passem a ocupar o primeiro lugar no nosso coração e nas prioridades da vida.
Caros Amigos e Irmãos.
João “proclama ainda um baptismo de conversão (também chamado metanóia) para a remissão dos pecados”… A palavra “metanóia” sugere uma mudança total da mentalidade que leva a uma transformação. Total da forma de pensar e de agir. Para acolhermos o Messias que está para chegar é necessária a nossa conversão que leve a rever a nossa vida, as nossas prioridades, os nossos valores; só nos corações verdadeiramente transformados, o Messias encontrará lugar.
Caros Amigos e Irmãos
Diz ainda o Evangelho, citado o profeta Isaías: “uma voz chama no deserto; sejam alteados todos os valores e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos.”
Esta voz ecoa nos nossos ouvidos: não já nos desertos de areia; mas no deserto dos nossos corações; muitas vezes demasiado desertos de esperança, de alegria, de amor.
Há sempre entre os homens passagens tortuosas que tornam difícil a relação e a comunhão de uns com os outros; há montanhas demasiado altas que impedem de nos vermos; há vales demasiados profundos que impedem a reconciliação e a paz.
Esta linguagem figurada de Isaías, dos montes e dos vales, pode-se aplicar ainda hoje, pois há, por vezes, divisões e guerras entre os homens que são autênticas montanhas e obstáculos que eles não ultrapassam.
Há também, por vezes, feridas tão profundas, autênticos vales, que os homens não saram, nem cicatrizam.
Caros Amigos e Irmãos.
Vamos iniciar a 2ª semana do Advento. Relembremos o compromisso que fizemos para este advento. E, ao mesmo tempo, façamos um maior esforço para, neste Advento, abatermos os montes do nosso orgulho e enchermos os vales do nosso egoísmo, estabelecendo as pontes entre nós e aqueles com quem não falamos ou estamos de costas voltadas. Será este o melhor presente que podemos dar ao Deus - Menino e com certeza, a melhor acção que mostrará maior alegria e uma verdadeira VIVÊNCIA DE NATAL!