XXX Domingo do Tempo Comum – Ano B

O cego, de nome Bartimeu, de que nos fala o Evangelho de S. Marcos, estava a pedir esmola à saída de Jericó, quando Jesus passou. Os “cegos” faziam parte do grupo dos excluídos da sociedade de então. As deficiências físicas eram consideradas como resultado do pecado. Por isso, o cego representa os pecadores os malditos os impuros, os que vivem longe de Deus e da sua proposta de salvação. Ele está privado da luz e da liberdade, sabendo que, por si só, é incapaz de sair dela. Contudo, a passagem de Jesus dá ao cego a consciência da sua situação de miséria e de escravidão. Então, o cego percebe a sua situação de dependência e deseja sair dela o mais breve possível. 
Caros Amigos e Irmãos. A passagem de Jesus na vida de alguém é sempre um momento de tomada de consciência, de interpelação, de desafio, que leva a pôr em causa a vida velha e a sentir a vontade de uma nova vida…
No entanto, o cego está consciente da sua fraqueza e sente que, sem a ajuda de Jesus, continuará envolvido pelas trevas da dependência e da escravidão. Por isso, pede: “Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim.”
Caros amigos e Irmãos. E nós? Jesus veio ao mundo, enviado pelo Pai, com uma proposta de libertação, destinada a todos aqueles que procuram a luz e a vida verdadeira. Esse Jesus de Nazaré que se cruzou com o cego à saída de Jericó continua a cruzar-se hoje, de forma continuada, com cada homem e com cada mulher, portanto, com cada um de nós: nos caminhos da vida e a oferecer-nos, sem cessar, a proposta libertadora de Deus…
Para isso, é preciso que não nos fechemos na nosso egoísmo e na nossa auto-suficiência, ficando surdos e cegos aos apelos de Deus; é preciso que as nossas preocupações com as coisas mesquinhas da vida, não nos distraiam do essencial; é preciso que aprendamos a reconhecer os desafios de Deus que, ao longo da nossa vida nos interpelam das formas mais diversas. Saibamos ver e interpretar o que o senhor nos quer dizer e o que quer de cada um de nós…Como o cego que aceitou a proposta do Senhor de se tornar seu discípulo, assim nós devemos aceitar os convites do Senhor, tornando-nos seus discípulos. E ser discípulo de Jesus é: aderir à sua pessoa, acolher os seus valores, viver na obediência aos projectos do Pai, fazer da vida um dom de amor aos irmãos; é, Caros Amigos e Irmãos tornar-se próximo dos pequenos, dos pobres, dos perseguidos; é lutar por um mundo onde todos sejam acolhidos como filhos de Deus, iguais em direitos e em dignidade; é viver na luz e contribuir para a construção de um mundo novo.
Por isso, Caros Amigos e Irmãos quando reconhecemos o “chamamento” de Deus, qual deve ser a nossa resposta?
O cego, logo que ouviu dizer que Jesus o chamava, atirou para fora a sua capa e correu ao encontro de Jesus, mostrando assim a sua adesão a Cristo e ao caminho novo que Jesus o convida a percorrer. É isso, também, que é pedido a todos nós, a quem Jesus chama à vida nova… deixar tudo e segui-lo…
Na história de encontro do cego, apareceu outros personagens: uns opõem-se à adesão do cego a Cristo; outros são intermediários entre Cristo e o cego e transmitem ao cego as palavras de Jesus…Ao longo da nossa caminhada, encontraremos sempre pessoas que nos ajudam a ir ao encontro de Cristo e pessoas que tentam impedir-nos de encontrar Cristo. Devemos dar a devida importância a quem nos ajuda a descobrir o caminho para a verdade da vida. E quem encontra esse caminho tem de abandonar a vida cómoda e instalada em que vivia; e enfrentar uma nova realidade num desafio permanente; tem de aprender a enfrentar as críticas, as incompreensões, os confrontos com aqueles que não nos aceitam; tem de percorrer, dia-a-dia, o difícil caminho do amor e do serviço a Deus e aos irmãos. Caros amigos e Irmãos. Vale a pena experimentar seguir o caminho que Cristo nos aponta… Comecemos desde já… E não desanimemos!