V Domingo de Páscoa – Ano B

Caros Amigos e Irmãos.
S. João, na sua 1ª Carta, convida-nos a contemplar Jesus e a correspondermos ao amor que Deus nos tem.
A certeza de que “Deus é amor” e que Ele ama com um amor sem limites, é o melhor caminho para derrubar as barreiras: de indiferença, egoísmo, auto-suficiência e orgulho que tanta vezes nos impedem de viver em comunhão com Deus. O que é “nascer de Deus”ou “ser filho de Deus ”?
É ter sido baptizado e registado nos livros, isso é pertencer à Igreja? “Nascer de Deus” é receber a vida de Deus e deixar que a vida de Deus circule em nós e se transforme em gestos. Não somos “filhos” de Deus apenas porque um dia fomos baptizados. Mas somos “filhos” de Deus, porque um dia optámos por Deus, porque continuamos, dia a dia, acolher e a receber a vida que Deus nos oferece, porque vivemos em comunhão com Deus e porque damos testemunhos desse Deus que é amor, através das nossas acções.
Caros Amigos e Irmãos
Se somos “filhos” de Deus que é amor, “amemo-nos uns aos outros” com um amor igual ao de Deus - amor gratuito e desinteressado. Um crente não pode passar a vida a olhar para o céu, ignorando as dores, as necessidades e as lutas dos irmãos que caminham pela vida ao seu lado… Também não pode o cristão fechar-se no seu egoísmo e comodismo e ignorar os dramas dos pobres, dos oprimidos, dos marginalizados…ou amar só alguns, excluindo os outros.
A vida de Deus que enche os corações dos crentes deve manifestar-se em gestos concretos de solidariedade, de serviço, em benefício de todos os irmãos. Na sequência desta leitura, a missa de hoje apresenta-nos também de S. João, o seu Evangelho que nos fala de Amor: de Deus aos Homens, dos Homens a Deus e dos Homens uns aos outros.
Caros Amigos e Irmãos
As palavras de Jesus aos discípulos são bem evidentes de que os discípulos, que somos todos nós, não estão sozinho e perdidos no mundo, mas que o próprio Jesus estará sempre com eles, oferecendo-lhes, em cada instante, a sua vida. Este é o primeiro grande ensinamento: a comunidade de Jesus continuará, através de todos os tempos, a receber a vida de Jesus e a ser acompanhada por Jesus. Nos momentos de crise, de desilusão, de frustração, de perseguição não podemos esquecer que Jesus continua ao nosso lado, dando-nos coragem e esperança, lutando connosco para vencer as forças de opressão e de morte. É assim connosco? Ou, por vezes, desconfiados de Jesus ou não confiamos plenamente no Seu amor? Caros Amigos e Irmãos, fazer parte da comunidade dos “amigos” de Jesus, compete-nos a nós. Eliminar o sofrimento, o egoísmo, a miséria, tudo o que oprime e escraviza os irmãos; compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, sermos mensageiros de justiça, da paz, da reconciliação, do amor. Nós os “amigos” de Jesus, temos de ser testemunhas desse mundo novo que Deus quer oferecer aos Homens e que Jesus anunciou na Sua pessoa, nas Suas palavras e nos Seus gestos. Estamos, de facto, disponíveis para colaborar com Jesus nessa missão? Sobretudo, os “amigos” de Jesus, que somos nós, devemos amar como Jesus nos amou. Jesus cumpriu os “mandamentos” do Pai – e a cruz é a expressão máxima dessa vida vivida exclusivamente para os outros. É esse o caminho que Jesus propõe aos seus discípulos, dizendo-lhes: “É este o Meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.” É aqui que reside a “identidade” dos discípulos de Jesus, portanto a nossa “identidade”… Os cristãos são aqueles que testemunham diante do mundo, com palavras e com gestos, que o mundo novo que Deus quer oferecer aos Homens, se constrói através do amor. O que é que condiciona a nossa vida? O amor? Ou o egoísmo? As nossas comunidades são, realmente, cartazes vivos que anunciam o amor, ou são espaços de conflito, de divisão de luta pelos próprios interesses? Cada um de nós responda no seu interior!