SEMENTES VIVAS Boletim Informativo Abril de 2009


Uma falsa explicação

«Naquele tempo, as mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: "Alegrai-vos!" As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. Então Jesus disse a elas: "Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão". Quando as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade, e comunicaram aos sumos-sacerdotes tudo o que havia acontecido. Os sumos-sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: "Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis. Se o governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos. Não vos preocupeis". Os soldados pegaram o dinheiro, e agiram de acordo com as instruções recebidas. E assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até o dia de hoje.»
Mt 28, 8-15

Os judeus adeptos da sinagoga divulgaram falsas explicações a respeito da ressurreição de Jesus no contexto da controvérsia com os cristãos. Foram tentativas de esvaziar o elemento central da fé cristã, reduzindo ao descrédito tudo quanto se dizia a respeito do Senhor. Com isto, buscava-se dar um xeque-mate no que se configurava como uma nova seita no interior do judaísmo.
Uma falsa explicação consistiu em dizer que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus, num momento de descuido dos soldados romanos que vigiavam o sepulcro. O túmulo vazio, portanto, resultava de uma fraude grosseira.
Os cristãos rebateram tal acusação. Os soldados prestaram-se para mentir, grosseiramente, por terem sido subornados. O dinheiro fê-los ocultar a verdade e propagar uma reconhecida mentira!
Ao rebater a falsa acusação, os cristãos tornavam seus acusadores, testemunhas do evento maravilhoso acontecido com Jesus. Eles sabiam que o corpo do Mestre não se encontrava mais no sepulcro, embora desconhecessem como isto acontecera. Também desconheciam as reais dimensões do que se passara. Tinham apenas consciência de não terem tirado o corpo de Jesus do sepulcro. Faltava-lhes ainda saber que tinha sido o Pai quem o ressuscitara.
Adaptado por Gustavo Costa

Desiderata

Caminha pacificamente por entre o ruído e a pressa; lembra-te da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto puderes, e sem transigências, vive em harmonia com todas as pessoas. Diz o que pensas serena e limpidamente, e escuta os outros, mesmo os banais e os ignorantes; também eles têm uma palavra a dizer. Evita os barulhentos e os agressivos, porque são uma tortura para o espírito.
Se te comparares com os outros, podes tornar-te vaidoso e amargo, pois sempre haverá pessoas maiores e menores que tu. Goza os teus triunfos e os teus projectos. Interessa-te pela tua vida, por mais humilde que seja; é um bem autêntico, apesar das mudanças e dos tempos.
Tem cautela nos negócios, porque o mundo está cheio de perigos. Mas não deixes que isso te cegue em relação ao bem que existe. Muitas pessoas lutam por ideais elevados, e em toda a parte a vida está cheia de heroísmos. Sê quem és. Especialmente não aparentes afeições que não sintas. E também não sejas cínico quanto ao amor; não obstante a aridez e o desencanto, o amor é perene com a relva.
Aceita docemente o conselho dos anos, abdicando de boa vontade das coisas da juventude. Cultiva a força do espírito, para te proteger de súbitas desgraças. Mas não te tortures com imaginações. Muitos medos nascem do cansaço e do aborrecimento.
Para além duma íntegra disciplina, trata-te bem a ti mesmo. És filho do universo, como as árvores e as estrelas. E quer o vejas claramente ou não, o universo evolui como deve.
Por tudo isto, vive em paz com Deus, seja qual for a ideia que d’Ele tenhas. E quaisquer que sejam as tuas lutas e aspirações na ruidosa confusão da vida, permanece em paz com a tua alma. Com todos os equívocos e incómodos, continua a ser um mundo muito bonito.
Alegra-te. Esforça-te por seres feliz e partilha com os outros a tua felicidade.

Texto de Max Ehrmann e tradução de Padre António Maria Cabral

DESIDERATA – Do latim Desideratu: Aquilo que se deseja, aspiração.

Adaptado por José Nascimento


LUZ DOS POVOS

« As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo, e nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco no seu coração » (GS 1).
A Igreja não se pode encerrar em fortalezas, refugiando-se do mundo e ignorando os seus problemas. Ela tem de ser no mundo uma luz a brilhar para os homens de cada geração.
Em primeiro lugar, está para servir a pessoa humana e a sociedade. O homem «é o primeiro caminho que a Igreja deve percorrer no desempenho da sua missão» (João Paulo II, Redemptor hominis 14). Por isso, a vemos sensível à dignidade da pessoa humana.
Inseparavelmente, a Igreja está no mundo para evangelizar. É a luz dos povos quando ergue o Evangelho de Cristo a iluminar o sentido da vida, os sentido do mundo. «Anunciar o Evangelho não é para mim um motivo de glória; é antes um dever que me incumbe. E ai de mim de não evangelizar!» (1 Cor 9, 16).
Cristo é a luz, isto é, a vida, a alegria, a felicidade, a verdade, a libertação.
Ele continua a dizer aos seus discípulos: «Vós sois a luz do mundo» (Mt 5, 14).
No Antigo Testamento, a luz está ligada à vida; ela é a vida, enquanto que as trevas são a morte. Ela suscita a alegria, a felicidade: «Surge nas trevas uma luz para o justo: piedosa, clemente e generosa» (Sal 112, 4). Ela faz parte dos bens esperados. Quem segue os caminhos do Senhor, caminha na luz.
No Novo Testamento, encontramos S. João a afirmar que Deus é a luz (1 Jo 1, 5) e é com esta luz que Jesus se identifica: «Eu sou a Luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8, 12).
Todo o cristão está chamado a ser luz, isto é, a seguir e a indicar aos outros os caminhos da vida, da alegria, da felicidade.

Adaptado por Sílvia Simões

Jejuemos

O jejum mais importante é aquele que tem como objectivo esvaziar o nosso coração de inutilidades para o enchermos do que é valioso. É uma limpeza necessária a fim de arranjarmos espaço na alma para as realidades sublimes para que Deus nos criou:
Procuremos Jejuar de julgar os outros, descobrindo o Cristo que vive neles.
Jejuemos de palavras ofensivas, enchendo-nos e pronunciando expressões diferentes.
Jejuemos de descontentamento, enchendo-nos de gratidão.
Jejuemos de irritações, enchendo-nos de paciência.
Jejuemos de pessimismo, enchendo-nos de esperança cristã.
Jejuemos de preocupações, enchendo-nos de confiança em Deus.
Jejuemos de lamentações, enchendo-nos de apreço pela maravilha que é a vida.
Jejuemos de pressões que nunca mais acabam, enchendo-nos duma oração permanente.
Jejuemos de amargura, enchendo-nos de perdão.
Jejuemos de dar importância a nós mesmos, enchendo-nos de amor pelos outros.
Jejuemos de ansiedade sobre as nossas coisas, comprometendo-nos na propagação do Reino.
Jejuemos de desalento, enchendo-nos do entusiasmo da fé.
Jejuemos de pensamentos mundanos, enchendo-nos das verdades que fundamentam a santidade.
Jejuemos de tudo o que nos separa de Jesus, enchendo-nos daquilo que d’Ele nos aproxima.

Adaptado por Carolina Costa