VI Domingo do Tempo Comum Ano – C

No Evangelho de S. Lucas que acabamos de ouvir, os destinatários destas Bem-aventuranças são os pobres, os que têm fome, os que choram, os que são perseguidos.
São, por isso, os desprotegidos os explorados, os pequenos e sem voz, as vitimas de injustiça, que, pela acção sem escrúpulos, dos poderosos, são, com frequência privados dos seu direitos e da sua dignidade.
Deus, na sua bondade, quer derramar sobre todos eles a sua misericórdia e a sua salvação.
A salvação de Deus dirige-se prioritariamente aos que têm fome, aos que choram e aos perseguidos, porque eles, na sua simplicidade, humildade, disponibilidade, estão mais abertos para acolher a proposta que Deus lhes faz através de Jesus.
Na segunda parte do Evangelho, Jesus não lança maldições, mas sim um sério alerta para todos, para não se deixarem seduzir por falsas promessas: pela sedução dos bens do mundo; pela gula; pelo prazer; pela vanglória e ambição de honras e aplausos mundanos.
Jesus denuncia assim os opressores, os instalados, os poderosos os que pisam os outros, os que têm o coração cheio de orgulho e de auto-suficiência e não estão disponíveis para acolher a novidade do “Reino de Deus”” que transforma os corações.
Caros Amigos e Irmãos
A proposta de Jesus apresenta uma nova compreensão de vida, bem distinta de que existe no nosso mundo. A lógica do mundo proclama “felizes”: os que têm dinheiro (mesmo quando esse dinheiro resulta da exploração dos mais pobres); os que têm poder: os que tem influência.
Mas a lógica de Deus exalta os pobres, desfavorecidos, os necessitados: é a esses que Deus se dirige com uma proposta libertadora e a quem convida a fazer parte da sua família.
O anúncio libertador que Jesus traz é, portanto, uma Boa Nova que enche de alegria os corações amargurados, os marginalizados, os oprimidos.
Com o “Reino” que Jesus propõe aos homens: anuncia-se um mundo novo, um mundo de irmãos, de onde o egoísmo, a exploração e a miséria serão definitivamente banidos e onde os pobres e marginalizados terão lugar como filhos mais amados de Deus.
Caros Amigos e Irmãos
Vinte e um séculos depois do nascimento de Jesus, que é feito das propostas de Jesus?
Elas mudaram alguma coisa no nosso mundo?
Às vezes, contemplando o mundo que nos rodeia, somos tentados a crer que a proposta de Jesus falhou. Mas talvez sejas mais correcto colocar a questão nestes termos: nós, testemunhos de Jesus, teremos conseguido passar aos outros, esse projecto libertador?
Teremos, com suficiente convicção, testemunhado esse projecto, de forma que ele tivesse uma influência decisiva na vida dos homens?
Jeremias, na primeira leitura, diz: “ Bendito quem confia no senhor e põe no Senhor a sua esperança.” “É como a árvore plantada à beira da água, que estende as suas raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o calor e a sua folhagem mantém-se sempre verde.”
Caros Amigos e Irmãos
Também nós, unidos a Cristo, não murchamos, mas daremos sempre bons frutos e alcançaremos a felicidade.