XXVI Domingo do Tempo Comum – Ano B

A primeira leitura do livro dos Números diz-nos que Deus poisou (quer dizer deu as Suas bênçãos) a setenta Anciãos. Havia dois que não estavam junto dos restantes, mas o Espírito de Deus poisou igualmente sobre eles.
Foram logo dizer a Moisés: “Proíbe-os de profetizar.” Moisés respondeu-lhes: “Estas com ciúmes por causa de mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor infundisse o seu Espírito sobre eles!”
Portanto, Moisés não vai proibir de profetizar só porque não pertenciam ao seu grupo.
Isso seria cair no fanatismo. Fanático é aquele que agride todo o que não pensar com ele ou não pertencer ao seu grupo; é aquele que fecha os olhos diante do bem que os outros fazem, convencido de que quem não está com ele, é mau e, portanto, deve ser combatido. O Espírito de Deus não pode ser encerrado em nenhuma instituição. Deus é completamente livre e pode despertar o bem em toda a parte. É como o vento: sopra onde quer, não pode ser acorrentado nem sequer dentro das estruturas visíveis da Igreja. Onde quer que nasça o bem, o amor, a paz e a alegria, ai está a actuar o Espírito de Deus. Quem não aceita esta liberdade de Deus; quem não compreende que Deus realiza o bem, mesmo através de pessoas de outras religiões, é fanático. Há pessoas que pensam que só o que elas fazem é que é bem. O que os outros fazem é tudo mal; nada tem valor. O Evangelho vai-nos relatar um caso parecido. Diz – nos assim S. Marcos: Um dia, João faz o seguinte relato ao Mestre: Anda por aí um rival perigoso que cura as pessoas usando o Teu nome! Nós dissuadimo-lo (levámo-lo a desistir, porque não é dos nossos, não os segue, e não tem a nossa autorização. Reparemos bem nas palavras de João: “não nos segue!” Não diz que não segue a Jesus, mas que não os segue a eles, os discípulos. O orgulho e a presunção fizerem explodir nos apóstolos o exclusivismo arrogante e sectário, a convicção de que são os únicos e indiscutíveis padrões do bem, são o ponto de referencia obrigatória para quem queria usar o nome de Jesus. Os apóstolos ficaram revoltados por haver quem realize boas, e não pertencendo ao seu grupo.
Caros Amigos e Irmão.
O comportamento dos discípulos é ridículo e mesquinho. Mas, nos dias de hoje, há muitos Cristãos, que têm o mesmo comportamento. Há Cristãos que fingem não ver, que procuram ignorar, esconder, minimizar o bem realizado por quem não pertence à Igreja, por quem não é crente. Não conseguem alegrar-se com gestos de amor feitos pelos outros. Não admitem que possa haver seguidores de outras religiões melhores que eles, não aceitam lições de honestidade, lealdade, generosidade, tolerância que outros praticam. Porque julgam ter as únicas pessoas animadas pelo Espírito de Deus, Jesus diz: “ Quem quer que actue em favor do Homem, é dos nossos.”
O Espírito não é propriedade exclusiva da estrutura da Igreja, mas actua também fora dela.
Terá algum sentido a inveja em relação a quem faz gestos de generosidade que nós próprios não temos a coragem de fazer?
Pensemos no que sucede nas nossas comunidades. Há muitos serviços a prestar aos irmãos e muitos desempenham-nos com generosidade, mas por vezes, há tantas invejas e discórdias! Caros Amigos e Irmãos
Na base de toda a nossa acção deve estar sempre a humanidade e o espírito de serviço, deixando que o Senhor actue onde quer e como quer, correspondendo nós ao seu Amor, com os dons e carismas que Deus nos deu.